Por S. S. Gorim
“Tu sabe que
está ficando
velho quando...
Tu precisa descansar no vaso sanitário.
Tu raspa teus
ouvidos. Tua
segunda esposa
chama tua
primeira esposa de 'senhora'. Tu lê os
obituários do
jornal pra
verificar as
idades das pessoas
mortas. Tu lê
um jornal. Tu
fica chateado
porque aquela
gostosa que era
assistente de palco de programa infantil agora parece o William
Waack de maquiagem.
Tu diz 'chateado'.
Mulheres da
tua idade tem
seios reais
e quadris
artificiais.
Masturbação te
deixa sem
fôlego. Tu tenta
distrair as
crianças contando histórias de como era
legal ter uma Betamax enquanto elas assistem filmes em Blu-ray no
console. Você
faz xixi em
código morse
- pontos
e traços - e
precisa olhar pra
baixo para ver quando
está pronto.
O rádio do carro
só tem entrada de CD. O médico
diz coisas como,
'isso é normal para um
homem da tua idade'.
Tu escolhe o
teu carro novo se baseando em quão grande
é o apoio lombar. Assistindo
turnês do Pink Floyd, Led Zeppelin, The Who te fazem
inconsolavelmente
triste. Tu
quer saber se o
orgasmo que tu
está prestes a ter
realmente vai
acabar com tua vida.
Tu até pode ter alzheimer, mas pelo menos não tem alzheimer”...
Wait!
Eu sou da geração
que viu o primeiro rock in rio acontecer, logo, a maioria das
bandas/artistas que estavam em voga na época participaram... E
isso foi demais!
A minha descrença
nada tem a ver – diferente do lollapalooza – com valor de
ingressos, mas com a essência do festival; existe um princípio
muito claro e simples implícito: “ROCK” & “Rio de
Janeiro”, não Lisboa, não Madrid, não Moscou – Rio de
Janeiro.
Quanto ao Rock, eu abriria um perigoso precedente se
taxasse alguma banda como sendo rock e outra não, mas vendo o
casting de bandas, fica bem claro onde eu quero chegar. Por outro
lado, existe uma vantagem maravilhosa nisso tudo: Não é segredo pra
ninguém que bandas consagradas preferem fazer suas turnês pela Europa e EUA do que vir para a América do Sul, até por uma questão
de logística, mas assim como na primeira edição do festival,
milhares de pessoas poderão (re)ver e ouvir bandas como Metallica,
Iron Maden e uma cara que há 25 anos
não pisava aqui
– Bruce Springsteen.
Contudo, vale
frisar que esse desabafo não foi contra o espetáculo, e sim uma
lembrança iminente da cruel verdade que nos cerca: Todos
envelhecemos um dia – eu, vocês e também os artistas que todos
idolatramos, e a pergunta que eu deixo é a seguinte:
- “Será
que as próximas gerações serão capazes de nos fazer vestir
(literalmente) a camisa de determinada banda que surgirá e de certa
forma nos doutrinar como os mestres do rock fizeram até hoje?”
Acho que seria "tachasse"...
ResponderExcluir