sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Rock’n’old

Por S. S. Gorim

      “Tu sabe que está ficando velho quando... Tu precisa descansar no vaso sanitário. Tu raspa teus ouvidos. Tua segunda esposa chama tua primeira esposa de 'senhora'. Tu lê os obituários do jornal pra verificar as idades das pessoas mortas. Tu um jornal. Tu fica chateado porque aquela gostosa que era assistente de palco de programa infantil agora parece o William Waack de maquiagem. Tu diz 'chateado'. Mulheres da tua idade tem seios reais e quadris artificiais. Masturbação te deixa sem fôlego. Tu tenta distrair as crianças contando histórias de como era legal ter uma Betamax enquanto elas assistem filmes em Blu-ray no console. Você faz xixi em código morse - pontos e traços - e precisa olhar pra baixo para ver quando está pronto. O rádio do carro só tem entrada de CD. O médico diz coisas como, 'isso é normal para um homem da tua idade'. Tu escolhe o teu carro novo se baseando em quão grande é o apoio lombar. Assistindo turnês do Pink Floyd, Led Zeppelin, The Who te fazem inconsolavelmente triste. Tu quer saber se o orgasmo que tu está prestes a ter realmente vai acabar com tua vida. Tu até pode ter alzheimer, mas pelo menos não tem alzheimer”... Wait!

      Eu sou da geração que viu o primeiro rock in rio acontecer, logo, a maioria das bandas/artistas que estavam em voga na época participaram... E isso foi demais!

      A minha descrença nada tem a ver – diferente do lollapalooza – com valor de ingressos, mas com a essência do festival; existe um princípio muito claro e simples implícito: “ROCK” & “Rio de Janeiro”, não Lisboa, não Madrid, não Moscou – Rio de Janeiro.

     Quanto ao Rock, eu abriria um perigoso precedente se taxasse alguma banda como sendo rock e outra não, mas vendo o casting de bandas, fica bem claro onde eu quero chegar. Por outro lado, existe uma vantagem maravilhosa nisso tudo: Não é segredo pra ninguém que bandas consagradas preferem fazer suas turnês pela Europa e EUA do que vir para a América do Sul, até por uma questão de logística, mas assim como na primeira edição do festival, milhares de pessoas poderão (re)ver e ouvir bandas como Metallica, Iron Maden e uma cara que há 25 anos não pisava aqui – Bruce Springsteen.
      Contudo, vale frisar que esse desabafo não foi contra o espetáculo, e sim uma lembrança iminente da cruel verdade que nos cerca: Todos envelhecemos um dia – eu, vocês e também os artistas que todos idolatramos, e a pergunta que eu deixo é a seguinte:

    - “Será que as próximas gerações serão capazes de nos fazer vestir (literalmente) a camisa de determinada banda que surgirá e de certa forma nos doutrinar como os mestres do rock fizeram até hoje?”

Um comentário:

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