segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Review do Venus Rock Festival por Geferson Kern


      Hoje começa uma semana importante aqui para o Vales Independentes. Quarta-feira é o dia que o blog comemora um ano de existência. Temos várias ideias e projetos para colocar em prática, mas nos falta tempo entre trabalho e faculdade. Mesmo assim, damos um jeito e de imediato temos uma nova contratação para anunciar. Mais um integrante vindo diretamente da terra do chimarrão, onde os festivais estão a toda e dando um laço de público nas festas que temos aqui por Santa Cruz. Nada mais justo que Venâncio Aires ter dois representantes. Portanto, sem mais enrolações, segue aí o review de Geferson Kern -guitarrista da Vade Retro - para o Venus Rock Festival. Mais tarde eu volto pra falar mais sobre nosso um ano de existência!

Get up! On Venus Rock City




      Este é um daqueles textos que poderia ser aberto por algum clichê de constar num dicionário de obviedades rockeiras. Coisas como “It’s only rock’n'roll, but I like it”, “you can’t kill rock’n'roll”, “aumento que isso aí é rock’n'roll” ou outros recursos similares. Uma falta de criatividade absurda, mas não inadequada por completo. Porque, mesmo estas sendo mais batidas que detonar o Restart, ainda servem para dar uma noção do que foi o 10º Vênus Rock Festival, ou só VRF. A função rolou no último sábado (13), na Sociedade de Leituras, em Venâncio Aires. E depois de dois anos de inércia, o festival mostrou que ainda tem cacife para ser um evento no nível da massa rocker local.

      Cheguei na festa por volta de meia-noite, quando os shows já estavam rolando. Mas, de cara, duas boas impressões: o visual (bem com a eficiência) causado pelos dois palcos, montados lado a lado em uma das laterais do salão principal; e o público. Que ficou na casa das 400 pessoas, um dos maiores que já pintaram no Vênus. Tínhamos jovens, nem tão jovens, venâncio-airenses, forasteiros, fãs de pop, headbangers e mais um monte de tipos. Até o prefeito Airton Artus, recém reeleito, deu as caras. Este, aliás, foi um dos maiores ganhos desta edição: o apoio do poder público e a divulgação em mídia que o festival recebeu, com amplo espaço em rádio e jornal para remobilizar os camisas pretas da cidade.

      Dentre os shows, perdi a sempre eficiente apresentação da Maquinados. E, claro, dos tais Vade Retro, quando uma certa guitarra me deixou muito ocupado para fazer avaliações razoáveis. Mas acompanhei ao menos trechos dos outros seis grupos. Sobre estes, não vou fazer uma análise individual ou cheia de pormenores. O que não me impede de registrar que a Dozeduro se consolidou de vez, com seu estilo teatral, na pilha do que faz o Velhas Virgens. Também que a Silverstone teve uma estreia ousada, tocando um monte de números de classic rock e se saindo bem, num subgênero em que os fãs estão entre os mais cri-cris do rock e que sempre exige de quem toca pela dificuldade técnica e pelo altíssimo nível mítico das músicas em questão. Ou ainda que a Subto Hellemento mostrou evolução e fez um show consistente, sem tirar o pé mesmo tendo tocado às 4h para um salão já não muito cheio.

   Como esperado, os dois palcos funcionaram muito bem. Deram agilidade para a programação, trouxeram um impacto visual legal, ajudaram a concentrar o público na pista e apresentaram qualidade sonora equivalente – embora, por vezes, voz e bateria tornassem os demais instrumentos quase inaudíveis. A exigência da apresentação de músicas próprias também confirmou-se como um acerto. Sobretudo numa terra em que as gerações recentes estavam mais do que habituadas a montar bandas apenas para tocar covers dos ídolos. Ponto para a organização e ótimo item a ser tomado como base para as festas vindouras.

     Este, aliás, vai ser o grande desafio do povo rock de Venâncio: fazer com que este VRF não tenha sido apenas um reencontro de músicos, batedores de cabeça, bebedores de cerveja e etc., mas um ponto de partida para que as festas de rock’n'roll voltem a ter espaço e expressividade por aqui. Os grupos que fizeram esta edição tem muito mérito, sobretudo pelas músicas próprias apresentadas. Mas foi notório que, na média geral, o nível de qualidade das bandas ficou abaixo dos tempos em que o palco tinha gente como Carbura, Tom Turbina, Muralha, Lei Seca, Nebulozza e Nexus – pra ficar em alguns exemplos. O festival ainda terá como missão se reinventar a cada vez em que for realizado. Lembremos que o Vênus deixou de ser interessante e entrou em hiato justamente porque seu tradicional formato saturou. É preciso pensar em novidades. Quais? Há muita coisa para estudar. Programar a ordem das bandas, trazer grupos de fora, trocar o local da festa, fazer um circuito de rock ao longo do ano, criar uma marca própria de cerveja, sortear viagens para a China ou sei lá o quê. Vale tudo. Menos cair no marasmo.

      As ponderações, porém, não são exatamente motivo de preocupação. Elas sempre vão existir e, neste caso, não apagam o registro mais importante: o rock’n'roll ainda tem força nestas bandas e há bastante espaço para trabalhar e fazer a máquina render. Ainda temos guitarristas afiados, garotos com camisetas do Iron Maiden, garotas que gostam de ouvir Oasis e bebedores de cerveja das mais diversas natureza. Muitos. Que fazem este pedaço de terra cheio de fumo e erva continuar a ter esta faceta de ser Vênus. A cidade do rock.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Para comentar, é necessário fazer login com alguma conta do google: plus, gmail, drive, youtube, blogger, reader... até orkut vale.