quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Classy Classics I

      Pois é tigrada, hoje sai do forno superaquecido da minha mente mais um aniversário atrasado: o dos 40 anos do album Vol.4 do Black Sabbath. Pessoalmente, não é um dos meus álbuns favoritos do Sabbath não, mas como Sabbath é uma das minhas bandas prediletas, me parece uma opção muito boa pra se falar e inspirar as mentes abertas. Além disso, é um álbum revolucionário em vários aspectos: peso, obscuridade e um toque de (muitas) drogas.


     O Vol.4 é o marco do começo da decadência Osbourniana no Sabbath, onde o abuso pesado de drogas começa a comprometer a musicalidade e performance de cada um dos músicos que haviam se consagrado em discos geniais como Black Sabbath, Paranoid e Master of Reality. As músicas refletem muito bem isso, como vamos perceber ao longo do texto. Além disso, também é uma revolução nos experimentos de rock pesado, por contar com as distorções pesadas e combinadas que marcaram o estilo do Sabbath, numa época que não se dispunha de muitos recursos à lá Metalzone - um dos principais porquês que eu adoro o som do Sabbath, Vintage e Heavy.

     O disco começa com a faixa Wheels of Confusion/The Straightener(numa tradução livre: Rodas de Confusão/O Corretivo). Já fica claro que será um disco onde as drogas tomam conta. O álbum é cheio de referências à cocaína, com o ápice na faixa Snowblind, que era pra ser, na verdade, o nome do álbum. Um toque de progressivo e um solo genial de Iommi pode ser visto nessa faixa indo desde notas insandecidas até a doçura dos riffs onde toda obscuridade da mente perturbada dos artistas pode ser sentida pelo ouvinte.

      Depois podemos ouvir Tomorrow's Dream, um urro insandecido dos jovens de uma época transitória muito complicada, onde o rock n' roll é a arma do momento e todos tomam um tiro nos neurônios e encontram uma válvula de escape da vida insana que se levava. Desde os primeiros versos onde se ouve:

'Well I'm leaving tomorrow at daybreak
Catch the fastest train around nine
Yes I'm leaving the sorrow and heartache
Before it takes me away from my mind'

(como sempre, numa tradução livre)

'Bem, estou indo embora amanhã no nascer do dia
Pegar o trem mais rápido lá pelas nove
Sim, eu estou deixando a tristeza e dor no coração
Antes que isso me tire da minha mente'

     E, então, marcando o álbum com um toque orquestral, Changes! A linda balada que explica a sensação de se passar por mudanças intensas e perder tudo que se ama. Um choro desesperado de um amante irreparável que deixa todas suas tristezas lá pelas nove e acaba que tudo que ele deixara para trás é o que o fazia feliz em meio ao sorrow and heartache. As músicas se entrelaçam e criam uma imagem da mente do começo dos anos 70 que é de lacrimejar.

     Então um interlúdio, FX, um monte de ruídos para preparar o ouvido do felizardo que está ouvindo junto comigo o Vol.4 para o total valhalla, Supernaut! Um clássico. Os riffs, a bateria, o baixo trepidante, os vocais urrantes. Não preciso dizer mais né? A música expressa um extremo desejo por ascender, até as estrelas, e se tornar um ícone - desejo que tenho e muito, de colocar a mão no sol e não me queimar.

     Depois de Supernaut vêm a música que todos deviam ouvir antes de mexer com cocaína. Entre os versos, na gravação original, podia-se ouvir berros desesperados que diziam "COCAINE!!!". Porém, a gravadora achou que o álbum já estava revolucionando até demais no assunto e os berros foram trocados por um sussurro. Falar de drogas já não era tão novidade assim para os malucos do Sabbath, no álbum anterior já falavam da doce folha (sweet leaf), também conhecida como Mary Jane. Porém, esta está num nível novo de loucura. "My eyes are blind but i can see; The snow flakes glisten on the trees; The sun no longer sets me free" -  Uma alusão ao vício extremo em cocaína, onde a neve congela o interlocutor e o sol não o liberta mais, as horas congelam junto com todos os sentidos do anti-herói. Os riffs são demoníacos e psicodélicos e deixam qualquer mente sã enfeitiçada.

     E depois de tudo isso, ainda, podemos ouvir Cornucopia, onde o peso come solto principalmente da combinação genial entre baixo e guitarra num som quase que único. Os versos a seguir da letra, descrevem perfeitamente como você irá se sentir com esta música: 

'You're gonna go insane
I'm trying to save your brain'

Você irá enlouquecer
Estou tentando salvar seu cérebro

     Vale ainda ressaltar que Cornucópia é um símbolo grego de riqueza e fertilidade, o que me cheira a uma crítica aos magnatas de plantão controlando as sociedades. Depois disso tudo, pode-se ouvir outro break na barulheira com Laguna Sunrise, uma melodia acústica linda e cheia de harmonia e paz, como se todos estivéssemos agora, nos céus cheios de neve, flutuando.

     St. Virtus Dance é a próxima e coloca um toque de hard rock no disco, para aconselhar todos aqueles cabeludos de coração partido a tomar uma frente e recuperar a garota - falando como um amigo. Afinal, muitos perderam suas queridas durante esse período, por demasiados motivos todos já citados ao longo do texto e intrínsecos na época. E por último, um riff que ouço até hoje em toda música de metal extra-pesado. Depois de ouvir Under The Sun/Every Day Comes and Goes, tudo quanto é metal vai parecer redundante. Teminando do mesmo jeito que começou, pesado, meio prog, relata uma libertação, o personagem congelado fica, finalmente, abaixo do sol, sossegado e vendo os dias passar. 

     Fica a dica a todos que apreciam um rock n' roll de verdade, daqueles com sentido e tudo mais. Fica o Link, no youtube, em qualidade razoável.
Abraços e Rock n' roll tigrada!

5 comentários:

  1. Achei que com a entrada de novos membros no clubinho isso aqui iria melhorar. Que nada, mais pagação de pau pra bandas internacionais que todos conhecemos.
    Nada pessoal, mas por favor, guarde este tipo de postagem pro seu blog pessoal. É legal e tudo, mas não cabe no Vales Independetes.

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    1. Cara, eu não quero ser rude nem nada do gênero, mas se não gosta não lê. Todos esses assuntos que não rolam aqui no vale tem de fato TUDO A VER com a cena, pois se tratam de influências, músicas que as bandas podem vir a tocar, e um pouco a mais de conhecimento além do nome das musicas PARA QUEM SE INTERESSA. Se isso não te interessa, se tu já sabe ou qualquer outro motivo do gênero para criticar a iniciativa do blog, não estrague a experiência de quem curte e quer ler e saber cada vez mais sobre o assunto que todos amamos e é o principal do blog: o rock n' roll. O blog não está aqui apenas para falar da região e sim, de fato, para movimentá-la e, nada melhor para ajudar, que um pouco de conhecimento sobre as raízes, sobre a essência, sobre tudo isso e mais um pouco. O mais um pouco é o que faz a diferença e aumenta a velocidade com que os vales se mexem.

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  2. Anônimo dizendo pra alguém o que deve ou não deve fazer, faça-me o favor...


    Se não gosta, não leia, não entre aqui, procure algo diferente pra fazer.

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  3. e né... "anônimos" nem tanto assim.

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  4. Acho que o Samuel já respondeu tudo. Curti muito o post, por ser o meu disco preferido do Sabbath e, principalmente, por ter tantas coias que eu não sabia.
    Agora, nós estamos aqui mantendo um blog atualizado diariamente a mais de um ano. Não nos escondemos, assinamos nossas postagens com o nosso nome. Mantemos sempre o respeito com todo mundo e com todas as bandas.
    Críticas são sempre bem vindas, mas que pelo menos a pessoa que faça tenha um par de bolas para faze-las no mesmo nível que nós: assinada e com respeito.
    Grato.

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