domingo, 23 de setembro de 2012

A Ciência do Balão


- Por S. S. Gorim

     Era 1996, e apesar de eu estar cursando a 6ª série, já tinha trocado pela 3ª vez de colégio. Eventualmente eu me pego pensando naquela sexta-feira – o que eu não daria pra ter aquela sexta-feira mais uma vez?!

     Era uma daquelas manhãs clássicas de abril, onde passado das 10 horas da manhã, o sol queimava seu restinho de lenha antes do ventoso outono. Já fazia algumas semanas que as aulas haviam iniciado e, por motivos de gravidez... Ou algo assim – não recordo ao certo – nossa professora de ciências havia se afastado do educandário. Foi então que ela entrou!

     Eu já havia me apaixonado antes. Na verdade, um menino no alto de seus 12 anos, é capaz de se apaixonar nove vezes por dia – e comigo não foi diferente!

     Ela era linda...

     Quando ela cruzou o marco da porta da sala de aula, mais parecia um épico ambientado na Grécia mitológica, onde a Deusa Afrodite encarnava em uma virgem à 600 quadros por segundo. O que mais me chamou a atenção – logo depois da beleza – foram as roupas que ela vestia. Por cima de uma blusa cinza, ela usava algo que pode-se classificar como um “macacão”, mas com deliciosa diferença que, ao contrário de macacões e suas pernas alongadas, o que ela vestia tinha as extremidades terminadas em uma linda mini saia, nos pés uma delicada sandália e segurando os longos e quase loiros cabelos, uma linda tiara (lembrem-se: Era 1996).

     Na primeira aula, ela escreveu seu nome no quadro (Por eu manter uma amizade com ela, vou chama-la de Luíza) e contou um pouco sobre sua vida. Ela tinha 30 anos, era casada e tinha duas filhas, mas o que realmente me importava eram nossos encontros três vezes por semana – encontros esses ditos científicos; numa sala de aula e com vinte outros voyeres... Mas mesmo assim um encontro!

     Comecei a me interessar tanto pelas aulas quanto pela vida da “Sora Luíza”. Fiz amizade com as filhas dela; fiz amizade com os meninos do colégio que moravam no prédio dela; cheguei a mudar minha rota de andar de bicicleta para o quarteirão do prédio dela. Eu estava completamente hipnotizado por aquela mulher. Eu precisava fazer alguma coisa para chamar a atenção dela – coisa um pouco complicada para um guri de 12 anos, mas enfim...

     A dura e cruel verdade é só uma: Amores de colégio nascem e morrem no colégio – dificilmente sobrevivem à formatura.

     Comigo foi igual, mas com a diferença é que eu desejei – com força – que um dia ela me desse bola. Certa feita encontrei Luíza, eu já adulto, formado, bem diferente daquele piá sem noção que eu era na 6ª série. Ela, ainda professora, linda, mas agora separada. Numa outra oportunidade, contei essa minha epopeia desde o primeiro dia que tinha pairado meus olhos nela, até hoje em dia... Meu desejo de ter ela ultrapassava décadas!

   Começamos a sair como amigos e nos divertíamos muito, até que numa noite, acompanhando ela até a portaria daquele mesmo prédio... Ganhei um beijo da professora Luíza. Mas não era só um beijo – não!

     Era como se eu retornasse à vida; foi um sopro de esperança; uma esperança de vida melhor!

     Há três décadas o Led Zeppelin encerrava suas atividades como banda. Milhões de órfãos espalhados pelo mundo lamentavam como se tivessem perdido uma mãe; um pai; seu país – rock’n’roll!

     Vivendo de lembranças e se alimentando de saudade & esperança de novamente ter a chance de ver os professores do rock naquelas salas de aula novamente – naqueles palcos! Assim como esperar décadas pela recompensa daquela professora linda, por décadas os fãs de Led esperaram por algo que preenchesse suas almas novamente. Robert Plant vem aí no dia 29/10, e se não bastasse, foi anunciado o lançamento do “Celebretion Day” - o aguardado filme que retrata o show de reunião da banda em Londres, em 2007.

     Assim como ter reencontrado a professora Luíza anos depois, e ter constatado que, mesmo com mais experiência de vida ela continuava a mesma mulher por quem aquele menino de 12 anos se apaixonou, garanto que, para todo fã de Led Zeppelin, não importa quanto tempo tenha passado – ‘cause the song remains the same!

Um comentário:

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