A semana do rock começou da melhor forma possível para os quase três mil rockeiros que prestigiaram o festival de aniversário do Bar Tio Remi, no último sábado. Oito bandas promoveram quase nove horas de música boa no Parque da Oktoberfest, em Igrejinha, que estava lotado! E não foi apenas pela qualidade musical que a festa se destacou. A organização, a segurança e o respeito com o público também são fatos que explicam como esse rock bar consegue se manter por oito anos ativo e crescendo.
O clima de chuva e a desconhecida cidade de Igrejinha assustaram aqueles que vieram de longe, como foi o caso da excursão que saiu de Santa Cruz do Sul com 25 pessoas. Os ingressos, já comprados há meses, precisariam ser retirados na hora. Falta de organização comprometeria todo o festival neste caso. Porém, a chuva não veio, o acesso ao Parque da Oktoberfest foi fácil e a retirada dos ingressos não levou nem cinco minutos. Tudo certo para curtir a noite repleta de rock and roll. Porém, a Polar custando cinco pila a latinha doeu no bolso...
A primeira banda a subir no palco não era uma das mais esperadas. Tocata y Fuga não tem ainda uma grande relevância no cenários musical do Estado. Mesmo assim, em uma noite com gigantes do rock gaúcho, eles conseguiram deixar sua marca. Apostaram em uma fórmula simples: os clássicos. Mandaram sons que iam de Led Zeppelin até Metallica. E, quando o público estava conquistado, investiram também em suas músicas próprias, que, com influência vinda dos anos 70, agradou.
Na sequência, o show foi da Graforréia Xilarmônica. Pontualmente, os irreverentes músicos subiram ao palco e fizeram o seu melhor. Grande parte das músicas deles não são muito conhecidas, mas existe um grande respeito pelas composições e letras diferenciadas que eles trazem. E, claro, o grande clássico Amigo Punk, colocado sem destaque algum dentro do set list, fez pela primeira vez o ginásio ecoar. Naquele momento deu pra sentir a força que o público teria no festival. E isso se viu mais ainda nos shows que deram sequência ao da Graforréia.
Representando um rock mais atual, a terceira banda da noite foi Vera Loca. Nesse momento, o ginásio do parque já estava praticamente lotado. O público cantava e participava do show, encantando até os músicos no palco. Para responder a boa recepção dos rockeiros, a banda investiu em músicas para animar. E, para isso, nada melhor que AC/DC. Mesmo assim, a famosa Borracho y Loco, a balada Palácio dos Enfeites e o novo single Graffiti mostraram a força das composições próprias desta que já é uma grande banda do rock gaúcho.
Voltando para os anos 80, subiu ao palco a Tenente Cascavel, revivendo clássicos absolutos do rock nacional daquela década. A banda que une TNT e Cascavelletes fez um show repleto de sucessos, acompanhada pelo enorme público do começo ao fim. Identidade Zero, Lobos da Estepe, Sob um Céu de Blues e Cachorro Louco foram destaques. Nessa hora, passado da meia noite, a animação era altíssima mas o cansasso já aparecia também. A sequencia matadora de shows deu uma parada com RS115, uma banda desconhecida que tocou apenas composições próprias.
Nesse momento, deu pra descansar e tomar um ar na parte externa do ginásio. Porém, quem também deu as caras com a chegada do domingo, foi a chuva. E, quando uma das atrações mais esperadas da noite subiu ao palco, estava todo mundo dentro do local aguardando. Cachorro Grande fez um baita show, investindo no seu instrumental de muita qualidade, na potência do vocal de Beto Bruno e nos seus grandes sucessos.
Roda Gigante, Que Loucura e Dia Perfeito deram espaço para o guitarrista Marcelo Gross aparecer. O vocal se destacou em Hey Amigo e Lunático. E, a balada Sinceramente, foi o momento do público fazer um coral inesquecível para acompanhar a banda. Cachorro Grande fez um show a altura do nível que eles se encontram. Seus sucessos e sua performance ao vivo dão razão para quem os considera a maior banda do Rio Grande do Sul.
Já se encaminhando para o fim, as paulistas da Nervosa vieram para surpreender. Três gurias tiveram a difícil responsabilidade de tocar entre dois gigantes — Cachorro Grande e Tequila Baby. Porém, o elemento surpresa jogou a favor delas. As metaleiras se destacaram pela beleza, no primeiro momento, e depois pela agressividade do seu som. Difícil imaginar mulheres com aquela aparência fazendo um thrash metal tão pesado. O vocal gritado e o som sujo agradou o público que respondeu com muita agitação e rodas punk.
Para fechar — e neste caso, vale usar o clichê — com chave de ouro, Tequila Baby! A maior banda punk do Estado e uma das mais famosas do Brasil, veio para provar que o festival não daria chance para o cansasso do público. Nesse momento, a chuva era forte e o vento a trazia para dentro do ginásio. Molhava público e banda, mas nada que diminuísse a animação. Do começo ao fim, rockeiros cantavam junto com o rouco vocal de Duda Calvin, que respondia com clássica depois de clássica. Velhas Fotos, 51, Ralph, Negue e, encerrando, Sangue, Ouro e Pólvora, foram as que marcaram a passagem do Tequila pelo festival.
O bar Tio Remi promoveu uma festa inesquecível para o público que lotou o local. Na volta para Santa Cruz, uma única certeza — ano que vem, no aniversário de nove anos, todos querem voltar!
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