sábado, 6 de abril de 2013

Alta e sonora honra

     O The Cure fecha hoje (6) a turnê pelo Brasil com show na Arena Anhembi em São Paulo - numa noite em que uma das bandas encarregadas de fazer as honras da casa tem o carimbo destas plagas fumígeras. O grupo em questão é o porto-alegrense Lautmusik (ou Música Alta, em termos teutos), capitaneado pela advogada venâncio-airense Alessandra Lehmen. Para saber ou ouvir mais sobre a Lautmusik (que toca por volta de 18h, enquanto Robert Smith pisa no palco lá pelas 21h), acesse o Facebook ou Soundcloud dos caras. Abaixo, uma conversa com a Alessandra, tida há cerca de 10 dias, sobre esta grata missão de sábado.

Foto: arquivo Lautmusik
     Vales Independentes: Como rolou a história de abrir para o The Cure?

     Alessandra Lehmen: Recebi uma ligação da produtora XYZ dizendo da possibilidade e pedindo que a gente mandasse material. Uns dias antes tínhamos postado links para o álbum e clipe no site e no Facebook da banda, em resposta a um pedido de indicações feito pelo Robert Smith (vocalista do The Cure). Fizemos isso e esquecemos do assunto: eram, afinal, milhares de bandas (20 mil posts na última vez que checamos) mandando suas músicas. Ele realmente ouviu, porém (sempre soubemos que é o próprio que escolhe as bandas de abertura nos shows do Cure) e gostou de nós.

     VI: A banda já armou a operação logística/artística para encarar o desafio?

     AL: Certamente. Estamos ensaiando bastante e contratamos uma equipe de palco experiente em São Paulo pra garantir que não tenhamos nenhum problema técnico (em especial porque é a primeira vez que tocamos em um lugar desse tamanho – no Anhembi cabem 30 mil pessoas).

     VI: Já passou pela cabeça de vocês como usar o Fator The Cure para alavancar a imagem da banda?


     AL: Vamos ter bastante exposição com esse show, mas a banda é pra nós uma atividade paralela e não vamos nos profissionalizar como músicos. Queremos apenas tocar os planos que já temos: gravar nosso segundo álbum em 2013 e rodar o segundo clipe (estamos prestes a lançar um projeto colaborativo pra isso). E, claro, o plano imediato é o de honrar o convite do The Cure fazendo o melhor show possível em SP.

     VI: O primeiro disco completo da Lautmusik (Lost in the Tropics, de 2011) possuem cozinha e clima característicos do pós-punk oitentista, mas com riffs de guitarra mais pesados que os daquela época. Qual destes extremos norteia mais o som da banda?
     AL: Nenhum em especial, e acho que é isso que nos dá identidade. Várias bandas do pós-punk (Siouxsie, XMal Deutschland e o próprio Cure) nos influenciam diretamente, mas as guitarras carregadas de efeitos típicas do shoegaze dos 90 (e referências ao punk 70 aqui e ali) dão o contraponto.

   VI: O álbum de estreia preza pela intensidade e transmite isso de maneiras distintas. Experimentar é a palavra de ordem para as futuras gravações?
     AL: Não vamos nos afastar do estilo que nos caracteriza, mas experimentação é algo que está sempre em pauta. Fazemos um esforço consciente pra que nossas músicas sejam diferentes entre si.


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