terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Água na tequila

     "De volta ao front!", diria aos urros ingleses o magrelo da guitarra pontuda. Algumas provas, trabalhos e estádios substituídos depois, voltamos a este espaço motivados por um trago aguado servido na Capital Interestelar da Bierchoppfest. Nada de errado com os aperitivos, gelados de dar nó na goela, servidos na mais popular prévia dos festejos são-sebastiânicos. Mas batedores de cabeça, agressores profissionais de cordas, tambores e microfones e demais usuários de camisetas pretas, que aguardavam para chacoalhar seus pescoços com um show do Tequila Baby, sentiram-se na pele de um motorista que acaba de descobrir que seu novíssimo Corcel II ano 1978 precisa receber a primeira manutenção. O Tequila Baby em Venâncio Aires virava um show que foi sem nunca ter sido.
     Tudo começa no dia 17 de outubro, quando a página do Burn Head Festival no Facebook anuncia que a próxima edição do evento está por acontecer. A confirmação do lineup definitivo veio no dia 6 de novembro. Estava tudo lindo e formoso para que a função rolasse no Doctor Pub, no dia 1º de dezembro. Até que no último dia 21, uma primaveril e futebolística quarta-feira, o Portal RVA lascou: o Burn Head Festival traria o Tequila Baby a Venâncio Aires. Fogos de artifício foram lançados, cervejas abertas sem pudor e guitarristas giravam o botão de overdrive de seus amplificadores em sentido horário como se não houvesse amanhã. A imprensa divulgava (inclusive este escriba, no jornal e internet), o letreiro eletrônico (grande denominação) do Doctor Pub anunciava pimpão e faceiro o show e até mesmo os ingressos estavam colocados à venda. Foi aí que perceberam que havia uma sabotagem hidro-oxigenada na taça.
Tequila Baby em Venâncio: the thing that should not be (Foto: facebook.com/burnheadfestival)
    Passados cinco dias do anúncio, a produção da banda contatou o repórter Felipe Kroth, do Portal RVA, para desmentir a incursão tequileira por estas terras. A alegação era quebra de contrato, pois o show tido como principal no Burn Head seria somente com o microfonista Duda Calvin, sem nenhum de seus fiéis escudeiros. O buchicho começou a correr frouxo nas redes sociais da vida até que o anúncio oficial veio na quinta, 29 de novembro, quando faltavam só dois para que os alto-falantes supostamente roncassem: o festival estava de fato cancelado. Outra vez, quem serviu de porta-voz foi a página facebookiana do evento. Lá, o patrão da festa, Guilherme Gassen, botou a responsabilidade no proprietário da casa Doctor, Eduardo Kappel. Este teria confirmado ao festival (leia-se ao Guilherme) que o show seria, de fato, do Tequila Baby, não apenas de Duda Calvin. A quebra de contrato cancelou qualquer vestígio de sal ou limão que a festa pudesser vir a ter. E a celeuma entre organizador e dono do bar deixou as bandas sem eira, beira ou lugar pra tocar: o Burn Head Festival havia virado fumaça.
     Fomos, pois, em busca de respostas dos envolvidos. A começar por Gassen, que repetiu o que já havia espalhado por vias internéticas: "o (Eduardo) Kappel me ligou perguntando se eu achava que viria muita gente na festa com um show do Tequila Baby. Disse que sim e dois dias depois ele me ligou, dizendo que confirmou Tequila. Eu feliz fiz a divulgação, mas deu no que deu". Logo depois, o dono do Doctor Pub teria voltado atrás e dito que afirmava desde o começo que o show era de Duda Calvin, não do Tequila. O que o festeiro não aceita. "Liguei pra ele e ele negou tudo, dizendo que tinha dito que era o Duda Calvin. Se era o Duda Calvin, por que no painel digital do Doctor estava escrito 'Tequila Baby no Doctor dia 01/12' e no painel na frente do Doctor dizia a mesma coisa?", indaga o promotor - que disse ainda não ter checado a situação com a banda, pois o contato era feito através da casa de shows e seu proprietário.
Os lajeadenses do Difteria: uma das bandas a ficar sem tequila para beber ou tocar (Foto: Jean Ganguilhet/disponível em facebook.com/bandadifteria)
     Já Kappel, o Eduardo, vulgo Duda, conta outra história. Em rápido contato preliminar deste com quem vos escreve, disse ter cancelado o show por um erro de alguém que fez a divulgação antes da hora e de maneira errada - assim, sem citar nomes, nem especificar se "o show" refere-se ao Tequila Baby ou ao Duda Calvin. Repito: o contato que tive com Kappel foi muito breve. Mas ele se dispôs a dar mais explicações sobre os acontecimentos. Portanto, novidades podem florescer vindas deste lado. De qualquer forma, o festival já estava condenado ao repouso no vinagre. Entramos em contato ainda com a produção do Tequila Baby, pelos meios indicados no site oficial da banda. Mas até o momento, nada de resposta.
     O que restou foi uma noite de sábado com portas fechadas no Doctor Pub, cabos desplugados para as bandas que, tequilas à parte, estavam com o gatilho puxado para tocar (registre-se: o festival previa shows com Pull the Trigger, Rotten Filthy, Fabulous Disaster, Difteria e Porunspilla) e camisetas pretas penduradas no armário, por headbangers que viram o tablado tornar-se a única opção coletiva de diversão naquela fatídica véspera de Gre-Nal. Por alguns motivos ainda presos na obscuridão, o show do Tequila Baby tornou-se algo que aquele mesmo cidadão barbado e de longas madeixas citado na primeira frase do texto diria, há uns 25 anos, entre bases afiadas e fantoches manipulados: uma coisa que não deveria ser.

Um comentário:

  1. PAPELÃO!!!!
    Falta de responsabilidade dde ambas as partes. Eduardo e Guilherme,convenhamos, a banda em questão é tequila baby. Não é serginho moah,mano changes, pagode dibobs...ou sei lá oq passou pela cabeça de vcs. Faltou estrutura, divulgação, competência e principalmente organização. Agora querem pular da barca com o d´alessandro..hahahahah

    Tequila Baby no Doctor? Há poucos dias, nesse mesmo site, li a respeito de outro festival realizado nesse local. Lá mencionavam sobre uma banda que não pode realizar sua apresentação pois a energia do estabelecimento perdeu sua força (????) Tequila está com disco novo, uma estrura diferente, com músicos de apoio. Realmente, quem conhece um pouco da banda, já havia percebido que alguma coisa não estava certa.

    Não comprei ingresso e muito menos fui ao local...

    PEDRA CANTADA!



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